Negócios / O estrabismo é uma alteração no alinhamento dos olhos que pode surgir em diferentes fases da vida, com causas que vão de distúrbios neurológicos a traumas. Quando presente na fase adulta, costuma ter implicações específicas que exigem investigação cuidadosa. A diplopia, ou visão dupla, é um desses efeitos e tende a se manifestar com mais frequência em adultos quando há desalinhamento ocular. Isso ocorre porque, nessa fase da vida, o cérebro já não consegue se adaptar da mesma forma que na infância.
“A criança, por ter um cérebro mais adaptável, evita a diplopia desenvolvendo um mecanismo de supressão, ou seja, o cérebro ignora a imagem de um dos olhos e passa a enxergar com um olho de cada vez. Já os adultos não têm essa capacidade. Por isso, quando o estrabismo se inicia na vida adulta, a diplopia acontece”, explica o oftalmologista David Kirsch, do Vilar Hospital de Olhos, unidade integrante da rede Vision One.
A visão binocular — obtida quando os dois olhos estão alinhados e as imagens se projetam corretamente na mácula, região central da retina — amplia o campo de visão e permite a percepção de profundidade. “A visão binocular é importante por nos dar um campo visual maior e também nos dá a estereopsia, que é a noção de profundidade, como quando a imagem parece saltar da tela no cinema 3D”, afirma o médico. Quando esse alinhamento é perdido, como no estrabismo, as imagens deixam de se combinar corretamente, provocando visão dupla. O sintoma pode surgir de forma súbita ou se desenvolver gradualmente, a depender da causa.
O estrabismo que aparece na fase adulta pode estar ligado a condições mais complexas, incluindo causas neurológicas. “Pode ocorrer por paralisias dos nervos responsáveis pelos movimentos oculares, como o nervo oculomotor, o nervo abducente ou o nervo troclear. Essa paralisia pode ser provocada por hipertensão, diabetes, tumores ou aneurismas. Por isso, é importante investigar a causa rapidamente”, orienta o Dr. David.
O médico também cita outras causas, como a miastenia gravis — doença que afeta a comunicação entre nervos e músculos, causando fraqueza —, a síndrome de Graves, que altera a função da tireoide e pode afetar os olhos, e fraturas na região ao redor dos olhos, que podem limitar seus movimentos.
Uso excessivo de telas pode favorecer o estrabismo e, consequentemente, a visão dupla
Casos mais leves e comuns de estrabismo costumam estar associados ao estilo de vida atual. Segundo o Dr. David, o uso prolongado de dispositivos móveis é um fator frequente no consultório. “O estrabismo relacionado ao uso de telas acontece porque, ao focar objetos de perto, os olhos fazem um movimento de convergência, ou seja, se voltam na direção do nariz para manter o foco. Em algumas pessoas com predisposição, esse esforço repetido pode descompensar um estrabismo”, relata. A diplopia, nesses casos, pode ser sutil e se confundir com fadiga ocular. Se o quadro não regredir espontaneamente, o tratamento pode envolver prismas nos óculos, aplicação de toxina botulínica ou cirurgia, a depender da indicação individual.
Diante do aumento no tempo de exposição a telas, o médico recomenda atenção aos hábitos visuais. “O ideal é seguir a regra do 20-20-20: manter distância mínima de 20 centímetros da tela, fazer uma pausa a cada 20 minutos e olhar para longe durante 20 segundos, para ajudar a relaxar os olhos”, orienta o Dr. David.

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