Sociedade / Uma análise da Demografia Médica no Brasil 2025 revela a persistência da desigual distribuição de profissionais em território nacional. Embora o Brasil projete alcançar 2,98 médicos por mil habitantes em 2025 (p. 41), a concentração em grandes centros urbanos permanece um obstáculo. Capitais como o Distrito Federal, com 6,28 médicos por mil habitantes, contrastam drasticamente com estados como o Maranhão, que registra apenas 1,27 (p. 48).
“Essa concentração acentuada nas capitais e a baixa presença em municípios menores, com menos de 50 mil habitantes, onde a razão pode ser de apenas 0,51 médico por mil habitantes (p. 56), criam vazios assistenciais e dificultam o acesso à saúde especializada para milhões de brasileiros”, alerta Tiago Simões Leite, diretor-médico da Medplus.
Um dado expressivo do inquérito nacional com cirurgiões, presente no mesmo estudo, aponta que apenas 7,7% dos médicos-cirurgiões atuam exclusivamente no setor público Sistema Único de Saúde (SUS). Em contraste, 19,9% trabalham apenas no setor privado, enquanto a grande maioria, 72,4%, atua em dupla prática (Demografia Médica 2025, p. 254). Essa realidade estabelece o desafio: expandir o acesso a especialistas para usuários do SUS exige encontrar formas de engajar profissionais que, em sua maioria, estão vinculados predominantemente ou exclusivamente à rede privada. E, segundo Simões Leite, é uma necessidade não apenas governamental, mas também de todos que atuam no setor de saúde, visto que a maioria dos profissionais e empresas que prestam serviço o fazem tanto para unidades de saúde públicas quanto privadas.
“Para nós que fazemos a gestão médica terceirizada, o embate é convencer o profissional especializado a viajar até locais distantes das capitais e, para isso, não adianta apenas apelar para o propósito. Há que se fornecer soluções práticas, como logística para deslocamentos interestaduais, infraestrutura e organização de agenda”, explica o gestor da Medplus. Simões Leite cita como exemplo bem-sucedido desta estratégia da empresa o atendimento realizado em Tocantins, onde não há mais fila de espera por cateterismo cardíaco eletivo para crianças.
Terceirizada
Desde 2020, o estado investe na qualificação do serviço implantado no Hospital Geral de Palmas (HGP). O HGP conta com o Serviço de Hemodinâmica, que possui uma estrutura moderna utilizada pelos hemodinamicistas especializados em cardiopatias congênitas, Paulo Correia Calamita e Jonathan Guimarães Lombardi. Contratados por meio da parceria com a Medplus, os médicos de Goiânia viajam mensalmente para atender na unidade de saúde.
Essa atuação dos serviços prestados pela empresa contribui para o acesso a especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS). Ao otimizar as condições de trabalho e garantir o suporte administrativo necessário, a empresa facilita a inserção e permanência de médicos em serviços públicos de saúde. “A terceirização da gestão médica, da forma como fazemos, serve como uma ponte, permitindo que a expertise desses profissionais chegue a mais pacientes, independentemente do tipo de convênio”, enfatiza Tiago Simões Leite.
Segundo ele, a gestão especializada é o caminho para transformar desafios em oportunidades no setor da saúde e, ele acredita que o governo será parceiro na busca de soluções conjuntas. “O Agora Tem Especialista, recém-lançado, já demonstra esse caminho de união em prol de soluções práticas”, salienta o gestor da Medplus. O programa, lançado no dia 30 de maio, foi anunciado pelo Governo Federal com a intenção de melhorar a realidade da atenção especializada no SUS utilizando parcerias público-privadas.

Website: https://medplus.med.br/