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SEXTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2018 - Horário 10:39

Os desafios e dilemas da democracia na era digital
Educação / A eleição presidencial deste ano, no Brasil, acontece em um clima de disputa como há muito tempo não se vê. E o que está em jogo não é apenas a polarização entre direita e esquerda, mas também a prevalência de uma visão de mundo e a relação do Estado com os cidadãos. Neste contexto, os instrumentos de comunicação, como as redes sociais (Facebook e Twitter), e aplicativos, como o WhatsApp, tendem a ganhar ainda mais importância como instrumentos para conquistar corações e mentes. Quer seja amplificando a voz de grupos sem recursos ou tempo de TV ou para engajar os eleitores mais jovens no processo político.

O estopim dos movimentos recentes de renovação política se deu em setembro de 2011, com o Occupy Wall Street, na cidade de Nova York. Na visão do cientista político Matías Bianchi, fundador da think tank Asuntos del Sur, baseada em Buenos Aires, este movimento tem gerado desdobramentos em todas as partes do mundo, em especial na América Latina. "A participação de grupos organizados da sociedade é a mais eficiente forma de barrar o avanço das teses políticas destinadas a suprimir conquistas sociais e direitos políticos", diz.

Bianchi fala com a propriedade de quem acompanha este fenômeno de perto. Tanto no estudo de textos sobre o tema, quanto na interlocução direta com agentes destes movimentos na América Latina, na América do Norte e na Europa. Destas andanças é que surgiu a ideia de lançar o curso Inovação Política, destinado a estudar estes movimentos e formar novas lideranças comunitárias a partir do conceito da Política 2.0, na qual a participação popular legitima a ação de parlamentares e chefes do executivo.

No curso, ministrado no sistema EaD e com forte componente prático, os participantes conhecem ferramentas inovadoras destinadas a explorar iniciativas como o Wikipolítica, do México, e o 15-M, da Espanha, além de movimentos políticos que surgiram recentemente no Brasil. Na entrevista abaixo, Bianchi, fala sobre os desafios para implantar uma pauta mais progressista na América Latina.

É inegável que o movimento conhecido como Política 2.0 vem ganhando força no Brasil e nos demais países do continente. Uma boa amostra disso é o surgimento de novos atores políticos: partidos e líderes vindos de fora dos partidos tradicionais. Por que estes atores ainda não conseguiram repetir nas urnas o sucesso das redes sociais?

Trata-se de uma visão parcial desta questão. As narrativas políticas vêm mudando desde o movimento Occupy Wall Street, quando ganhou força a mensagem contra o 1% (N.R. Os idealizadores do movimento advogavam que 1% da população tinha privilégios e poder suficientes para mandar nos 99% restantes), e se estabeleceu uma agenda comum, em diversos países. Na Espanha, os integrantes do movimento 15-M assumiram o governo de Madri. No Chile, os estudantes criaram um partido nacional que chegou ao segundo turno das eleições presidenciais. Sem contar experiências na Colômbia, e o movimento Wikipolítica que conseguiu estabelecer um partido político no México. Isso demonstra que os movimentos políticos com foco na participação popular vêm ganhando escala. E nosso objetivo, com o curso de Inovação Política, é fazer com que eles se multipliquem e se fortaleçam.

O Brasil está entrando numa eleição na qual a maioria dos candidatos são velhos conhecidos dos eleitores. No que se refere à Política 2.0 poderíamos dizer que o Brasil está atrasado em relação aos demais países do continente?

Na Política 2.0, a parte digital é um aspecto importante. Porém, os processos políticos que alcançam êxito são os que não deixam de articular-se territorialmente. A revolução digital oferece novas ferramentas para gerar um maior impacto. Mas temos que ter em conta que essas ferramentas não são utilizadas apenas pelos movimentos inovadores, como também pelos conservadores. Um bom exemplo disso é o uso do Twitter pelo presidente Donald Trump. É uma batalha que temos que travar e, mais uma vez, a academia visa oferecer ferramentas para essa batalha.

O Asuntos del Sur lidera uma plataforma educacional destinada a estudar os movimentos políticos e a formar novas lideranças na região. Qual a sua expectativa com a realização deste curso no Brasil?

A Academia é nutrida pela experiência que vem acumulando na América Latina, desde 2012, a partir da observação e do estudo das melhores práticas neste campo. O que fizemos foi sistematizá-las e oferecê-las numa plataforma capaz de alcançar o maior número de pessoas. No caso de Brasil, nós fechamos uma parceria com a Aceleradora Vale do Dendê, de Salvador, encarregada de divulgar o curso e de abrigar as aulas presenciais. A participação de um parceiro local é indispensável para a contextualização deste processo que estamos vivendo na região.


SERVIÇO:
O que é: Curso Inovação Política (no sistema EaD)
Quando: a partir de 11/9/2018
Informações: valedodende@gmail.com / http://asuntosdelsur.org/
Telefone: (71) 99920-1097

Nota: No Brasil, o Espaço e Inovação Vale do Dendê, de Salvador, abrigará as aulas presenciais.




Website: http://www.asuntosdelsur.org/
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