RELEASES EMPRESARIAIS

SEXTA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2017 - Horário 11:33

As empresas de tecnologia têm subestimado os mais velhos, afirma Arie Halpern
Tecnologia / Os idosos representam uma parcela cada vez maior da população e, por consequência, do mercado consumidor. Apesar disso, parecem muitas vezes esquecidos pelas empresas de tecnologia. "As empresas de tecnologia têm subestimado os mais velhos", afirma Arie Halpern, economista e empreendedor com foco em inovação e tecnologias disruptivas. "É natural que esse público tenha mais dificuldade com produtos tecnológicos. Mas não são apenas eles que precisam se adaptar aos equipamentos. O maior esforço deve vir da indústria, para adaptar seus produtos aos consumidores".

Até 2030, 19% da população dos Estados Unidos terá mais de 65 anos e até 2050 haverá um aposentado para cada dois empregados no país, aponta o Centro de Pesquisa PEW. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2050, a população idosa triplicará, passando para 66,5 milhões.

Há algumas poucas plataformas que têm pensado no público mais velho. É o caso da Breezie, cuja interface disponível para tablets é apresentada de maneira simplificada. A inspiração para o aplicativo é a mãe do criador Jeh Kazimi. "Eu a vi tentando navegar na internet e vi que ela achava tudo aquilo intimidante e complicado", diz ele à BBC. "O objetivo era projetar um software que tornasse o ambiente online mais acessível para pessoas com pouco ou nenhuma noção tecnológica".

Navegar por telas pequenas com interfaces por vezes complexas e "poluídas" não é a única dificuldade. Os mais velhos sofrem de alguns problemas decorrentes da idade para os quais os dispositivos não parecem estar preparados. As telas sensíveis ao toque, por exemplo, não têm a mesma resposta para crianças e para idosos. Os nervos dos dedos tornam-se mais sensíveis e, portanto, fica mais difícil o sistema touch responder. Tremores, comuns entre os mais velhos, também podem sugerir outro tipo de resposta – o deslizamento ao invés do toque.

"São essas questões sutis que traem nossa confiança e causam confusão", diz Chris Bignell, porta-voz da Emporia Telecom, criador de um smartphone direcionado aos mais velhos. A criação de Bignell disponibiliza um aplicativo que oferece tutoriais para pessoas praticarem o toque à tela. Há também um teclado acessório para aqueles que preferem o recurso dos botões.

Algumas empresas pretendem alcançar esse público pouco afinado com tecnologia oferecendo menos, como o OwnFone, da empresa Age UK. Outros preferem atender a necessidades específicas, como o telefone Doro, com botões bem grandes. Já o modelo Binatone vem com um botão de pânico incorporado para qualquer emergência. "As iniciativas visando ao público dos idosos ainda são muito tímidas", diz Halpern. "A indústria, de maneira geral, ainda tem de despertar para as necessidades dessa fatia do público".


Website: http://www.ariehalpern.com.br
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