A dinâmica do governo é complexa, mas o Brasil pode sair dessa turbulência com bons projetos e boa governança, acredita Wilson Ferreira, presidente da Eletrobras. Para isso acontecer, de acordo com Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, a aceleração do crescimento do Brasil depende da velocidade nos avanços dos projetos do governo. “Tivemos reformas iniciadas no governo Temer, mas o governo atual tem dificuldades em aproveitar melhor esse legado”, frisou a executiva durante o FOUR SUMMIT, realizado nos dias 7 e 8 de junho em São Paulo.

“O governo ainda dá o direito da dúvida para investidores. Há um compasso de espera, e a reforma da Previdência aparece como uma saída para evitar um colapso”, contextualizou Latif no evento. Assim como os avanços na discussão da legislação previdenciária, Wilson Ferreira observa que o Brasil já conseguiu progredir também no entendimento da necessidade de o país avançar em temas como privatização. “Eu não sinto mais um preconceito com esse tema”. Para o presidente da Eletrobras, a necessidade de compreender onde o Estado deve ser atuante e onde empresas estatais podem ser privatizadas e se tornarem mais eficientes é muito importante agora.

Uma boa parte da perda de competitividade se dá pela péssima infraestrutura brasileira, alertou Ferreira: “Se formos capazes de atrair capital, temos uma saída para o futuro. Enquanto existir um risco de quebra do país, investidor nenhum olhará para o Brasil”.

Examinar as principais áreas estratégicas do Brasil na busca por ideias e soluções inovadoras e escaláveis, que possam contribuir para a transformação do país, foi o principal mote da primeira edição do FOUR SUMMIT. Realizado pelo Instituto Four, responsável pelo ProLíder, maior programa de formação de lideranças jovens do Brasil, o fórum reuniu cerca de 70 palestrantes nacionais e internacionais, dos mais variados setores.

RENOVAÇÃO POLÍTICA

Os desafios e soluções para a renovação política foi foco de painel que reuniu o deputado federal Vinícius Poit (Novo/SP), o deputado federal Felipe Rigoni (PSB/ES) e a deputada federal Marina Helou (REDE/SP).

Para Poit, “devemos entender que os desafios do país não têm esquerda ou direita”. Rigoni salientou que “as decisões do Brasil devem, sim, passar por muito diálogo”; enquanto Helou pontuou que todos somos frutos de uma onda sobre renovação política e que é preciso entender três aspectos da política atual: diversidade, qualificação e atualização. “Temos que ter um olhar mais inclusivo, qualificar as discussões, parar de debater o ontem e construir nosso futuro”, disse a deputada.

O deputado do PSB explicou que a polarização vista de dentro do Congresso atrasa matérias a serem discutidas. “O desafio não é trocar pessoas, mas trocar práticas.  Precisamos dar resultados. Esse é o nosso grande desafio num primeiro mandato: usar novas práticas para dar resultado, muito mais do que foi dado no passado. É preciso entender que cada projeto discutido em Brasília precisa dar certo. Somos a nova geração dessa política e temos esse compromisso”, ressaltou.

Relacionando outro dos pilares do evento à política, o ex-ministro da Educação Mendonça Filho afirmou que as pessoas, muitas vezes, querem “fazer da educação um palco para a política”. No entanto, lembrou que todas as nações do mundo que avançaram tiveram a educação acima das diferenças ideológicas.

Na abertura do FOUR SUMMIT, Wellington Vitorino, à frente do Instituto Four e do ProLíder, exaltou a importância e a necessidade de discussões como essas para o país. “O Brasil precisa ter uma voz muita mais ativa e relevante em questões fundamentais como política, educação e inovação. Esse é nosso objetivo aqui: discutir o Brasil de dentro do próprio país, com pessoas relevantes. Queremos fazer desse um fórum anual e criar a cultura de que esse tipo de evento se torne significativo e possa influenciar as principais pautas do país”.