RELEASES EMPRESARIAIS

SEXTA-FEIRA, 31 DE MAIO DE 2019 - Horário 15:31

Conflitos no trabalho: responsabilidade não é sinônimo de culpa
Negócio / Na vida profissional, temos de lidar com conflitos dos mais variados tipos. Quando isso ocorre, procurar culpados é a reação mais comum. Há uma busca desenfreada por alguém a quem atribuir o ônus pelo ocorrido, e respiramos aliviados quando não somos o nome em questão.

Saem na frente os profissionais que conseguem tomar para si a sua parte de responsabilidade pelo ocorrido e contribuir para sua solução. Porém, poucos se mostram capazes de agir assim, pois confundem responsabilidade com culpa. Não imaginam o tamanho do equívoco que cometem ao fazer isso.

Não é fácil definir com precisão o que exatamente significa a responsabilidade. Mas, num contexto profissional, podemos entendê-la como a capacidade de arcar com as consequências de seus atos. Em um conflito, assume a dianteira quem consegue compreender e assumir qual papel desempenhou naquilo, lembrando que, nesses casos, não existe o famigerado "não tenho nada com isso". A partir do momento em que uma pessoa se vê envolvida num conflito, ela obrigatoriamente tem algo a ver com o assunto.

Chamar para si a responsabilidade pelo que lhe cabe não significa de forma alguma se assumir culpado pelo que ocorreu. Culpa denota erro, falta, omissão, depreciação. É perfeitamente possível ser responsável sem ser culpado.

Assumir a responsabilidade, aliás, ajuda a evitar o sentimento de culpa e a carga negativa que o acompanha, pois traz liberdade. Sim, liberdade para lidar com um conflito do qual se faz parte (querendo ou não, gostando ou não), encontrar formas de resolvê-lo, capacidade de agir ou responder criativamente a uma situação desfavorável, assumir as rédeas do próprio destino, ser autônomo. Afinal, não temos controle sobre os outros, apenas sobre nós mesmos.

Como já escrevi no livro A culpa não é minha, os conflitos normalmente decorrem das diferenças que existem entre as pessoas. Mas as diferenças, ao mesmo tempo em que provocam ruídos e divergências, nos fazem sair do lugar comum e enxergar o mundo sob uma nova perspectiva, pelo olhar do outro. E quem não teme assumir responsabilidades tem muito mais chances de desfrutar de toda a riqueza que o convívio com o diferente traz.

*Allessandra Canuto é especialista em gestão estratégica de conflitos, sócia da AlleaoLado, empresa focada em consultoria e coaching para empresas, e coautora do livro "A culpa não é minha"
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