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QUARTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2019 - Horário 17:14

Águas de Bonito: o que pode estar ameaçando esse paraíso?
Turismo e Viagens /

Referência em ecoturismo, Bonito, localizada no Mato Grosso do Sul, já recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais por aliar turismo e preservação. A região é uma das melhores categorizadas no Mapa do Turismo Brasileiro, que considera as estimativas de fluxo de turistas domésticos e externos, dados como o número de empregos e de estabelecimentos formais no setor de hospedagem.

A região, que possui uma área 4 934,318 km², e tem uma população formada 21738 (IBGE) habitantes, gera R$ 194 303,769 mil para o PIB e o turismo tem grande impacto nesses números, já que, nos 9 primeiros meses de 2018 já havia recebido 144.389 mil visitantes. Com 42 atrativos, o turista pode investir entre R$36,00 a R$1.270,00 reais em passeios.

O MS ainda foi destaque entre os estados brasileiros com maior crescimento em 2018, retomando a queda de 2016 e 2017 no Anuário Estatístico do Turismo do Observatório do Turismo e Eventos de Bonito-MS (OTEB). São 47 municípios, em nove regiões turísticas, fomentando o desenvolvimento do estado e do Brasil. Entre eles, 17 municípios estão classificados nas categorias A, B e C, entre os destinos que concentram maior fluxo de turistas domésticos e internacionais.

Ainda que seja considerada um polo do turismo responsável no Brasil, com sua economia movida principalmente por suas belezas naturais, a região está em risco. Mas quais são as  ameaças a esse patrimônio e suas águas cristalinas?

O avanço do desmatamento e o crescimento das lavouras, principalmente o plantio de soja, são as duas principais causas que colocam esse paraíso em perigo. O crescimento dos pastos na região praticamente dobrou nos últimos 5 anos (2013/14 - 86.120,8 toneladas e 2017/18 - 118.048,1 toneladas). A Polícia Militar Ambiental já aplicou mais de R$ 17 milhões em multas em apenas dois anos. Entre 2017 e 2019 já realizou mais de 160 monitoramentos em propriedades que possuem nascentes.

Com o solo mais exposto, e o uso de técnicas não adequadas de exploração da terra, as águas são prejudicadas. As estradas de terra não suportam o impacto e o ir e vir de carros e caminhões. Assim, a terra superficial e os sedimentos formados por argila e matéria orgânica acabam indo parar rios e córregos.

O Rio da Prata foi um dos mais prejudicados com a lama, perdendo sua visibilidade, que chegava aos 18 metros durante os mergulhos com cilindro. As plantações de lavoura na área dos brejões próximos ao rio, agora impedem que estes ajudem a manter as águas limpas. O impacto alterou o controle do fluxo das águas, já que a região de brejo atuava como uma esponja, filtrando os compostos e mantendo o rio limpo.

Os turvamentos são fenômenos que acontecem principalmente na época das chuvas, tornando as águas mais escuras e prejudicando a visibilidade em mergulhos. Mas acontecem em situações esporádicas, as águas em Bonito continuam cristalinas. Nesse período, entre dezembro e março, os termômetros chegam aos 35° C. Com  cachoeiras e quedas d’água ainda mais cheias e intensas, os passeios mais afetados são em Jardim (MS), no Rio da Prata, e em Bonito(MS), no Rio Formoso e na Serra da Bodoquena.

Tal fenômeno não ocorre durante a seca, entre abril e novembro, em que as águas são mais cristalinas e a visibilidade é total. Durante os meses com menor incidência de chuvas, as flutuações e mergulhos permanecem ideais para a contemplação da fauna e flora subaquática de destinos como o Abismo Anhumas, Rio Sucuri, Aquário Natural, Nascente Azul e Barra do Sucuri.

Para os turistas que buscam desbravar as belezas da região, as nascentes, como a do Rio Bonito, permanecem transparentes durante todo o ano. Nesse caso, suas águas brotam do solo e permanecem preservadas por seu entorno ter sido recomposto pelo plantio de mais de 10 mil mudas.

Como contrapartida às ações de exploração de descumprimento das leis, o governo estadual já destinou, em 2019, 5 milhões de reais para iniciativas de recuperação das estradas e proteção do solo. Também criou ações que obrigam a criação de plano de drenagem e proteção do solo para quem deseja plantar na região, como o decreto para a conversão de multas em prol da recuperação do meio ambiente. Além disso, as Áreas de Preservação Permanente - APPs, são essenciais para evitar que rios e reservatórios sofram com assoreamentos em seus leitos.

Como existe grande interesse do agronegócio na região, o turismo sustentável só se mantém possível com a preservação. O respeito às leis e a conservação do solo, vegetação e das matas ciliares são fundamentais, já que tais áreas garantem o abastecimento dos lençóis freáticos e a preservação da vida aquática.





Website: http://www.bonitour.com.br
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