A maioria dos familiares responsáveis por um idoso já passou por algum tipo de situação em que a ajuda era necessária para atender às necessidades dos seus entes queridos. São muitas as preocupações constantes nesse caso - se está tudo bem, por onde o idoso anda, se ele precisa de algo. Essa preocupação se justifica por um dado simples mas sintomático: no Brasil, 30% dos idosos cai ao menos uma vez ao ano.

Por outro lado, o familiar na terceira idade tem a sua independência e não quer abrir mão dela; a pesquisa realizada pelo SPC Brasil em 2016 mostrou que 67% dos idosos eram responsáveis por suas compras; e dessa parcela de idosos, 34% sentia falta de produtos e serviços para a terceira idade. Ou seja, os idosos querem continuar vivendo com autonomia, mantendo a rotina e sem atrapalhar os filhos, netos ou qualquer outro familiar - é o chamado aging in place. Uma maneira de satisfazer a vontade do idoso sem tirar a tranquilidade da família é o serviço de teleassistência.

Esse tipo de atendimento, utilizado através de dispositivos eletrônicos, pode trazer autonomia e segurança para o idoso e tranquilidade para a família. Por exemplo, em caso de emergências, o idoso aciona o botão de pânico no dispositivo (usado como pulseira ou pingente) e uma ligação é realizada para uma Central de Atendimento disponível 24 horas. O atendimento é feito por profissionais especializados, de acordo com o tipo e a gravidade da emergência.

A fisioterapeuta Clarissa Carneiro, que atua de forma especializada com idosos, ressalta a importância de contar com esse tipo de serviço especialmente para manter a autonomia do idoso. Segundo a fisioterapeuta, "o fato do idoso não se sentir inválido e seguir com as suas atividades, mesmo depois de uma idade mais avançada, faz muito bem tanto para saúde mental quanto a física. Envelhecer não é fácil e ter que abrir mão de vontades e rotinas faz o processo ser ainda mais complicado". Clarissa ressalta ainda que a teleassistência pode ajudar até mesmo quem já possui algum problema em tratamento, já que a falta de independência "mexe com o emocional e, muitas vezes, faz com que a pessoa seja resistente ao tratamento".

Esse tipo de serviço também oferece solução para outro problema frequentemente relatado por familiares de idosos: a falta de tempo disponível para cuidar do idoso. Com uma rotina cada vez mais agitada, por vezes filhos e netos não têm como dedicar muito tempo para os idosos ou mesmo checar periodicamente como estão. Ou seja, se por um lado quem está na terceira idade pode se sentir incomodado ao ter que viver com os filhos ou sair do seu lar, por outro há casos de pessoas na terceira idade que acabam sendo neglicendiadas - mesmo que involuntariamente - pela família.

De acordo com a fisioterapeuta, é fundamental manter a família próxima mesmo com todas as dificuldades do cotidiano. "A família do idoso tem grande participação neste processo de envelhecimento. Os papéis acabam se invertendo, e para quem sempre foi cuidado, chegou a hora de cuidar do seu ente querido. A família precisa ser presente, mesmo muitas vezes sendo difícil conciliar o trabalho e os outros compromissos com as obrigações. A família precisa ter cuidado para não deixar o idoso sem voz e tratá-lo como se não tivesse vontade própria e, ao mesmo tempo, lhe dar toda a assistência necessária, sem abrir mão da própria rotina. Não é uma tarefa fácil", ressalta.

Ainda mais importante é garantir que o idoso possa solicitar ajuda e ser socorrido o mais rápido possível em caso de acidentes, pois do contrário as sequelas podem ser severas. Clarissa afirma que com serviços como a teleassistência "o idoso não precisa abrir mão da sua autonomia e mesmo assim fica seguro e deixa sua família tranquila. Por exemplo, uma pequena queda em casa, para um idoso, pode desencadear inúmeras complicações se não for atendida de forma rápida e de maneira correta".

Seja por meio da tecnologia ou de outras formas, idosos e familiares buscam uma solução completa e eficiente para aumentar a qualidade de vida dos idosos e trazer mais tranquilidade para toda a família. "O que os idosos buscam hoje é justamente não depender de ninguém e saber que, em caso de acidentes, estarão totalmente amparados", afirma a fisioterapeuta Clarissa Carneiro.