RELEASES EMPRESARIAIS

QUARTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2018 - Horário 16:23

Na Futurecom IEEE discute como garantir segurança e privacidade, ameaçadas pelo avanço da tecnologia
Tecnologia / O processo de automação de serviços e produção de bens de consumo pode significar grandes benefícios a empresas e consumidores, mas o amplo acesso a uma enorme quantidade de dados em sistemas eletrônicos levanta uma importante questão: qual limite para se explorar esses dados e a privacidade das pessoas? Esse foi o tema que a IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos) levou a Futurecom 2018, com debate entre os engenheiros brasileiros André Gradvohl e Raul Colcher, seus membros sênior, na abertura da feira.

Esse cenário levanta dois outros temas: como a Internet das Coisas (IoT) e as Cidades Inteligentes afetarão o cotidiano das pessoas comuns e como o acesso massivo à Big Data ameaça a privacidade e a segurança. Para Gradvohl, os problemas de segurança na IoT se destacam em duas frentes - problemas de segurança lógica (como transmissão segura e íntegra de dados; autenticação e autorização de usuários; detecção de incidentes e vulnerabilidade; privacidade dos dados) e problemas de segurança física (garantia de alta disponibilidade, gerenciamento de recursos energéticos e atualização do dispositivo). "Para garantir a transmissão segura de dados por IoT, é preciso implementar mecanismos de controle de acesso, utilizando, por exemplo, biometria e assinatura digital, e primitivas criptográficas que garantam que as mensagens trocadas entre dispositivos, se interceptadas por terceiros, não sejam decifradas", propõe.

Redes complexas e difusas

Embora existam desde o início da computação e da Tecnologia da Informação, questões de segurança se tornaram mais agudas. Especialista em Cidades Inteligentes, Raul Colcher destaca que os "problemas potenciais de segurança e privacidade são inúmeros e complexos, considerando que soluções técnicas aplicáveis a alguns dos macroprocessos podem envolver grandes redes heterogêneas, incluindo dispositivos móveis e vestíveis, com aplicativos específicos, sensores e atuadores embarcados em veículos, mobiliário urbano, prédios comerciais e residenciais entre outros. Tudo isso pode gerar ameaças de hacking, intrusão, ramsomware, ataques a sistemas públicos e privados automatizados com riscos de interrupção ou degradação de serviço e roubo de dados".

Desafios de segurança

No caso da IoT, Gradvohl destaca dois principais motivos para que recursos de controle não sejam amplamente utilizados: o custo da tecnologia e o consumo de energia gerado pela codificação ou criptografia de mensagens, que também podem atrasar o envio de mensagens. Embora haja transmissão segura entre dispositivos, não há como garantir que os dados coletados não sejam enviados a terceiros. "Os usuários deveriam ter o poder para limitar a quantidade de informações pessoais que esses dispositivos poderiam compartilhar entre outros dispositivos ou com um provedor".

Outro tema destacado por Gradvohl é a Rede Social das Coisas, tipo de interação entre dispositivos utilizando a rede social. "Quando falamos de IoT, estamos nos referindo a uma interação no nível das camadas inferiores da pilha de protocolos da internet, em especial na camada de rede. No entanto, na rede social das coisas, os dispositivos interagem em alto nível, especialmente na camada de aplicação. Assim, os dispositivos na Web das Coisas interagem usando protocolos da web tradicional (como http e REST). Um exemplo de aplicação é quando seu smartwatch envia dados para uma rede social sobre a última corrida que você fez e esta, por sua vez, elabora um ranking dos tempos dos seus colegas".

Oportunidades para empresas brasileiras

Apesar de todos os riscos e desafios, Colcher é otimista sobre oportunidades para organizações brasileiras em resposta aos desafios de transformação digital em âmbito urbano e das questões de segurança relacionadas às cidades inteligentes. "Existem oportunidades em todos os elementos da cadeia produtiva, que vão das indústrias de equipamentos ao fornecimento de software e serviços, passando por integração de sistemas, consultoria, educação. O sucesso dependerá da integração de vários fatores desse processo, incluindo gestores e entidades, empreendedores, fornecedores de bens e serviços, academia e ICTs e cidadãos", conclui Colcher.

Raul Colcher é Membro Sênior do IEEE, CEO da Questera Consulting, presidiu o Comitê de Informática da ABNT e foi Vice-Presidente do Centro das Nações Unidas para Facilitação do Comércio e Negócios Eletrônicos, localizado em Genebra. Diretor da associação brasileira de empresas de software e serviços de TI. Engenheiro pelo IME, tem mestrado e doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Professor e coordenador de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Vice-presidente do conselho diretor da Aliança Mundial de Tecnologia e Serviços de Informação

André Gradvohl é Membro Sênior do IEEE, tem pós-Doutorado em Sistemas Distribuídos, pelo Laboratoire d'Informatique de Paris 6, Université Pierre et Marie Curie (Paris VI), França, 2014. Doutor em Telecomunicações, Professor na Faculdade de Tecnologia da UNICAMP, Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da UNICAMP (FEEC/UNICAMP), 2005. Mestre em Engenharia Eletrônica e Computação, Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), 2000. Especialista em Jornalismo Científico, Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, UNICAMP, 2010. Bacharel em Computação, Universidade Federal do Ceará (UFC), 1997.

IEEE é a maior organização profissional dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. Por meio de suas publicações, conferências, padrões de tecnologia e atividades profissionais e educacionais altamente citados, a IEEE é a voz confiável em uma ampla variedade de áreas, desde sistemas aeroespaciais, computadores e telecomunicações até engenharia biomédica, energia elétrica e eletrônicos de consumo.

Website: http://www.ieee.org
© 2014 Todos os direitos reservados a O Globo e Agência O Globo. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.