Procuradas principalmente por aqueles que pretendem ter seu primeiro negócio, o modelo de franquia vem sendo uma opção em crescimento mesmo em tempos de recessão.

O empreendedor deve ter em mente que a aquisição de uma franquia é um investimento que traz consigo todos os riscos empresariais de qualquer novo negócio, mesmo que conte com diferenciais muito interessantes.

NÃO EXISTE MÁGICA

O empreendedor não deve ser pego pela ilusão do ganho rápido, em razão do sucesso empresarial requerer dedicação e foco. Sugere que, antes de tudo, se explore quais serão os principais desafios que o empreendedor terá pela frente no negócio escolhido e o nível de suporte que a franqueadora dará. “Se tudo te parecer muito fácil, desconfie”, arremata.

Rogério Pereira da Silva, advogado e diretor da Fisconnect Assessoria Contábil, empresa especializada na contabilidade para franquias, explica que “se deve olhar com muita desconfiança para ofertas de franquias que prometam retornos faraônicos muito rapidamente. O retorno médio do investimento em uma franquia varia entre 18 e 36 meses”.

A ESCOLHA DO SEGMENTO

As redes de franquias mais assertivas indicam ser necessário experiência no segmento como requisito para o sucesso do empreendedor. Contudo, também se encontra franqueadores mais otimistas, ou mais descuidados, que pregam que para prosperar em suas redes o investidor não precisa ter experiência alguma.

Independentemente da linha adotada perlo franqueador, é razoável cautela quando se estiver seduzido a embarcar num negócio em que não tenha nenhuma afinidade ou experiência.

A EXPERIÊNCIA DA FRANQUEADORA

Franchising é uma estratégia empresarial que consiste em replicar um modelo de negócio pré-existente e bem-sucedido. “Impensável que possa ser seguro adquirir uma franquia de uma empresa com pouca experiência no mercado”, orienta Silva. Para o especialista, para que uma rede possa, no papel de franqueadora, oferecer tudo o que deve oferecer, “é indispensável que ela tenha construído uma marca ao longo de muitos anos de operação, de maneira que seu modelo de negócio tenha se provado. Se ela tiver larga experiência do modelo de franquia, melhor ainda. Portanto, não é só o empreendedor que deve ter experiência. A franqueadora também”.

A ANÁLISE DA CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA

A Lei de Franquias impõe que o franqueador deva entregar ao candidato a franqueado uma circular de oferta com o mínimo de 10 dias de antecedência da assinatura de qualquer contrato ou pagamento de qualquer taxa, esclarece Rogério. Esse documento contém importantes informações sobre o negócio e deve ser lido com absoluto cuidado. O ideal, inclusive, é que se consulte um advogado especializado para evitar dissabores futuros.

Junto com a circular de oferta, discorre o especialista, também deverão ser entregues o pré-contrato e o contrato de franquia, dois documentos que também merecerão minuciosa análise.

REFERÊNCIAS NA PRÓPRIA REDE

A lei também ampara o candidato a franqueado no que se refere às referências da rede. Segundo ela dispõe, a circular de oferta deve trazer a ‘relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone’.

Usar e abusar dessa prerrogativa é medida de grande valia, entrando em contato com o máximo de referências que for possível. Conversar com alguns dos ex-franqueados e colher deles o máximo de explicações que puder acerca da decisão de deixar a rede é uma oportunidade que não se deve abrir mão.

AVALIAÇÃO FINANCEIRA SEM EMOÇÃO

Como não existe mágica que torne uma franquia uma máquina de fazer dinheiro a baixíssimo custo e em curtíssimo prazo, é imprescindível que se estime muito bem o período mínimo que o negócio vai exigir até que ele comece a se pagar, o break-even, em contrapartida do período em que se despenderá dedicando-se ao empreendimento sem tirar dele seu sustento. Para sobreviver a esse período, o empreendedor deverá dispor de recursos para arcar com os investimentos totais do negócio e com o necessário capital de giro.

NÃO AJA POR IMPULSO

Se o empreendedor está lidando com o sonho de ter o seu próprio negócio, ter optado por uma franquia lhe trará algumas facilidades e alguns custos adicionais. No entanto, uma coisa certamente essa opção não trará, qual seja, a certeza irrefutável de que sucesso e prosperidade. Portanto, não se deve deixar levar pela emoção de estar a poucos passos de realizar um sonho. Ser seduzido pelos benefícios da aquisição de uma franquia, sem uma ponderação profunda, pode levar a um erro gigantesco. Independentemente de ser uma franquia, se trata de um negócio como qualquer outro e traz com ele todos os riscos empresariais inerentes.

PENSE QUE PODE DAR ERRADO

Um contrato só serve para regular as coisas que não dão certo, diz o advogado. “Muitas pessoas analisam contratos sem essa perspectiva e no curso da relação contratual se deparam com omissões inexplicáveis que justificam expressões do tipo 'como é que não pensei nisso?'.  Portanto pense! Tente antever tudo o que pode dar errado: se haverá arrependimento; se o dinheiro acabará sem que se tenha quitado o valor da franquia; se determinada penalidade prevista é muito danosa; se o suporte da franqueadora está aquém do prometido; se o produto ou o serviço encontrou rejeição do mercado sem que o franqueado tenha culpa; se a publicidade está medíocre; se a franqueadora permitiu a abertura de uma nova unidade numa localidade muito próxima da que se escolheu; se trata sobre a restituição do investimento em alguma hipótese, etc.".

É improvável que a circular de oferta, o pré-contrato e o contrato prevejam preponderantemente a defesa dos interesses do franqueado. Pelo contrário, nesses documentos o empreendedor encontrará principalmente cláusulas contendo garantia de direitos ao franqueador. O empreendedor também deve fazer sua lição de casa.