SEGUNDA-FEIRA, 20 DE AGOSTO DE 2018 - Horário 16:32
Morrer também custa dinheiro e setor funerário cresce com serviços voltados às classes C e D
Negócio / Diz o ditado que a morte é a única certeza da vida. Mesmo assim, poucos se preparam para esta situação e acabam se assustando com os preços na hora de enterrar um ente querido. Por mais que ninguém goste de pensar nisso, morrer custa dinheiro - o que faz com que cemitérios e funerárias ofereçam serviços destinados às classes C e D.
No Brasil, o custo médio de um enterro é de R$ 2,5 mil, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif). Em São Paulo, o valor mínimo para um funeral básico é de R$ 744,21, mas os custos podem ultrapassar R$ 24 mil dependendo do caixão, dos enfeites florais, mesa de condolência, véu e velas.
Em tempo de crise econômica, esses valores assustam as camadas mais populares da sociedade. Para atender esse público, que corresponde a três quartos da população brasileira, as empresas do setor desenvolveram diversas soluções com preços mais em conta, como os planos familiares mensais.
"Pensar em modelos de negócios que não oscilariam com a crise econômica foi um fator crucial para que déssemos os primeiros passos ao fundar o Colina dos Ipês", afirma João Paulo, Diretor Comercial do Cemitério Colina dos Ipês. "Mesmo assim, um dos nossos maiores desafios foi entregar um serviço acessível a todas as classes da região do Alto Tietê e Zona Leste de São Paulo".
A empresa, localizada em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, é um exemplo disso. Atualmente possui mais de 70 mil vidas associadas, principalmente com a venda de planos funerários para as classes C e D. A média de sepultamentos no local é de 80 pessoas por mês, atendendo principalmente a região extrema da Zona Leste de São Paulo.
Com o foco nas classes populares, o cemitério, fundado em 2002, conseguiu crescer dentro deste segmento. A estimativa de faturamento é de R$ 10 milhões até o fim de 2018, com um crescimento médio de 20% ao ano.
O setor funerário como um todo também está em crescimento no Brasil. De acordo com estimativa do Sindicato dos Cemitérios Particulares do Brasil (Sincep), o mercado obteve um faturamento de R$ 7 bilhões nos últimos anos e emprega de forma direta mais de 50 mil pessoas. É um serviço constante: apenas na cidade de São Paulo a média é de 200 óbitos por dia, enquanto que no país chega a 3500 diariamente, de acordo com a Estatística de Registro Civil, do IBGE.
De pai para filho
A criação do Cemitério Colina dos Ipês é fruto da iniciativa do empreendedor João Lopes de Oliveira. Natural de Itaguajé, no Paraná, ele também morou em Presidente Prudente, região centro-oeste do estado de São Paulo, antes de se estabelecer na capital paulista.
Na cidade, ele trabalhou em uma loja de calçados e fez carreira como instalador de telefone. Abriu sua própria empresa para vender linhas telefônicas, a Jotel, mas precisou encerrar o negócio durante a privatização das telecomunicações, na virada do século.
Chegou a ter mais de 15 empresas nos mais diversos segmentos, como souvenir, transportadora, material de construção e motel, até ter um insight: trabalhar em algo que sempre tem demanda. Foi o ponto de partida para adquirir um terreno de 90 mil m² em Suzano e dar início ao Cemitério Colina dos Ipês em 2002.
"A nossa experiência com os mais diversos setores do mercado, nos proporcionou insights para o nosso negócio, enxergamos um futuro promissor para os serviços de death care dentro do Brasil", conclui João Lopes.