RELEASES EMPRESARIAIS

QUARTA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2018 - Horário 13:21

Empresas estrangeiras temem fazer negócio no Brasil
Negócio /

Há pouco mais de uma década o Brasil era apontado como uma potência em ascensão, que despertava grande interesse de investidores internacionais. Era o país mais promissor do BRIC (grupo formado na época também por Rússia, Índia e China), estava economicamente estável, havia retomado o crescimento e reduzido a pobreza. Além disso, o Brasil tinha acabado de ser escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, eventos que gerariam muitas oportunidades e recursos para o País.

Mas mesmo com tantos pontos favoráveis o Brasil acabou se tornando um dos locais que mais assustam as companhias estrangeiras. De fato, o País foi considerado o segundo mais complexo entre as 94 nações analisadas no Índice de Complexidade Financeira 2018 da TMF Group, empresa especializada em serviços de negócios. “A complexidade financeira é o conjunto dos fatores tempo, dificuldade, conhecimento e custo exigidos para as empresas cumprirem obrigações financeiras, como impostos, relatórios de contas ou regulamentação”, explica Marco Sottovia, presidente da companhia responsável pelo estudo.  

Mas, afinal, por que é tão difícil fazer negócio no Brasil?

Burocracia

Um dos fatores que mais afastam as empresas estrangeiras interessadas em fazer negócio no Brasil é o excesso de burocracia. Segundo o Banco Mundial só existem 65 países em que seja mais difícil fazer negócios no mundo. No relatório Doing Business 2018, o Brasil está no longínquo 125º lugar entre 190 nações no índice de facilidade para se fazer negócio, atrás de todos os países do BRICS (grupo agora acrescido de África).

Corrupção

A complexa estrutura política local, a grande quantidade de órgãos e agências reguladoras e o excesso de normas facilitam o surgimento de pedidos de subornos por parte dos funcionários públicos para “agilizar” os processos. Em 2016, o Brasil ficou em 76º lugar no índice de percepção de corrupção da Transparência Internacional e o crime organizado é um problema importante em algumas partes do país. Entre as diversas iniciativas que visam acabar com a corrupção, há um programa do governo federal chamado integridade.

Risco Brasil

Os riscos de crédito no Brasil cresceram bastante nos últimos anos, impactando diretamente nas tendências de comportamento de pagamento e na forma como as empresas se protegem contra os riscos, o que levou a dissolvência de várias empresas. Por outro lado, nos primeiros meses de 2018 as principais agências de risco mudaram a classificação do País para estável, e a oferecendo oportunidades de investimento estrangeiro em setores como TI, produtos farmacêuticos, seguros, mineração e energia, petróleo e gás.

Impostos

De acordo com o Banco Mundial, é no Brasil que se gasta mais tempo calculando e pagando impostos. São 1.958 horas ao ano, ou quase 6 vezes a média dos países da América Latina, que é de 332,1 horas. Acompanhar tantas obrigações, que mudam constantemente e são diferentes em cada estado e município, consome cerca de 1,5% do faturamento das empresas, ou R$ 200 bilhões anuais segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Transparência corporativa

Para facilitar a entrada no Brasil, muitas empresas estrangeiras optam por empreender em parceria com companhias regionais, garantindo uma visão essencial sobre a economia local. No entanto, há uma enorme quantidade de regulamentação destinada a controlar o IED para o País, como a Instrução Normativa 1634, que visa trazer ainda mais transparência ao mercado corporativo e definir claramente o conceito do Proprietário Beneficiário Final.

Infraestrutura e Tecnologia

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 107ª posição entre 144 países no nível de desenvolvimento de infraestrutura. Mas ainda que de forma controversa, sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos obrigou o governo brasileiro a melhorar relativamente a infraestrutura do País, leiloando concessões rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias, além reduzir o imposto sobre transações financeiras em vários projetos importantes. Também prejudicado no passado no quesito tecnologia, hoje o Brasil é cortejado pelas principais empresas do mundo, que já o enxergam como principal mercado da América Latina, com oportunidades em todos os segmentos de negócio.

Barreiras de importação e exportação

O Brasil é a 25ª maior economia de exportação de bens do mundo, ficando em 28º lugar em importação, de acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas por conta dos altos impostos e do excesso de burocracia, importar e exportar pode ser uma tarefa muito cara e demorada. “A maior parte dos produtos fica algum tempo preso nos portos enquanto os procedimentos burocráticos são atendidos, pagando altos custos por container. Mas essas são exemplos de características que os investidores estrangeiros ignoram e que podem ser fatais para as empresas. Por isso é tão importante conhecer muito bem não só as regras oficiais, mas também as particularidades de cada mercado em que se pretende empreender”, aconselha o presidente da TMF Group.

 

 



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