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TERÇA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2018 - Horário 16:43

Alerta: Bitcoins podem gerar blackout mundial
Tecnologia / As moedas criptografadas estão em alta, liderada pelas Bitcoins, mas segundo especialistas, ainda é incerto o futuro desse tipo de investimento. O Banco Central, inclusive, divulgou, recentemente, um comunicado para alertar a população sobre os riscos de comprar e manter moedas virtuais com finalidade especulativa, alertando que não há garantias de qualquer autoridade monetária para conversão das criptomoedas em moedas soberanas, como real ou dólar.

Paralelamente a esse cenário de incerteza financeira, outras questões cercam o assunto: a segurança dos dados e informações de empresas e pessoas físicas e a infraestrutura necessária para manutenção da operação virtual. Segundo o sócio-fundador da Adamos Tecnologia, Roberto Stern, a atenção, necessariamente, precisa se voltar para o consumo excessivo de energia utilizada para minerar as moedas digitais. Se todas as máquinas ligadas ao "blockchain" do Bitcoin fossem um país, esta nação fictícia ocuparia o 61º lugar em consumo de energia elétrica no mundo. "É descomunal despender tanta energia para processar uma simples transação", critica Stern, que atua há mais de 21 anos no mercado de TI.

A exemplo, toda a mineração de Bitcoin no mundo consome um total de 29,05 TWh (Terawatt-hora) de eletricidade anualmente, o que equivale a 29 bilhões de kwh (quilowatt/hora). Segundo o especialista, minerar já gasta mais energia do que a consumida em países como Irlanda, Croácia, Uruguai e Equador. Na África, apenas três países consomem mais: África do Sul, Argélia e Egito. Na lista, o Brasil, por seu turno, aparece ocupando a oitava posição no ranking dos países que mais gastam energia no mundo. "Caso a taxa se mantenha nesse nível, a expectativa é de que até o início de 2019, as criptomoedas estejam utilizando a energia equivalente ao nível de consumo da Inglaterra. Em 2020, se não houver algum de tipo de regulamentação, toda a energia mundial existente poderá ser esgotada no processo de produção das moedas virtuais", alerta Stern.

O especialista afirma ainda que se a mineração de Bitcoins superar a fase "bolha", evoluir e se estabelecer como uma operação economicamente viável, os desenvolvedores do Bitcoin terão de encontrar outra forma de validar as transações, pois o método de força bruta baseada no "Proof of Work" (PoW -prova de trabalho) é totalmente ineficiente do ponto de vista energético, pois a cada transação exige diversos "mineradoes" que concorrem para ver quem acerta antes um cáculo matemático complexo, gerando trilhões de tentativas e e erros, até que se obtenha a prova de trabalho válida. Nete formato, portanto, é insustentável.

Já os governantes mundiais, alerta Stern, terão que tomar decisões para administrar outros dois agravantes que surgem em virtude da atividade de mineração: o aumento de poluição e a elitização da energia (com a alta da demanda, o preço se elevará). "Em um mundo que vem adotando medidas para o consumo consciente de matérias-primas e a diminuição de poluentes, em prol da sustentabilidade, é primordial se debruçar, desde já, sobre o custo da mineração das moedas que, vale lembrar, é realizada, na maioria dos casos, em grandes centros de processamento dedicados a tal operação. A fase de mineração caseira com computadores pessoais já passou. Hoje, a maior parte da mineração é feita por equipamentos especialmente dedicados em grandes operações dedicadas a tal e a grande maioria está localizada na China, onde a energia é barata e subsidiada, porém baseada em queima de carvão", afirma Stern.

Adicionalmente, o executivo afirma que, esse alto custo da energia elétrica, num futuro se apresentará, como um aspecto restritivo à produção das próprias moedas virtuais caso o modelo do PoW e a competição entre os "mineradores" não seja substituído por outro. "O processamento de "blockchain" como está hoje é totalmente insustentável do ponto de vista ecológico e energético e precisa ser repensado, muito embora a iminência de um blackout ainda esteja fora do horizonte no curto prazo, a médio e longo prazo é muito preocupante por todos esses aspectos apresentados", finaliza, Stern.
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