RELEASES EMPRESARIAIS

QUARTA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2018 - Horário 15:47

Plano de desinvestimento da Petrobras dá mais um passo com IPO da BR Distribuidora
Negócio / Em dezembro de 2017, as ações da BR Distribuidora, subsidiária de distribuição de combustíveis da Petrobras, começaram a ser negociadas na Bolsa. A oferta levantou, conforme informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), R$ 5 bilhões, o que se traduz no maior IPO (oferta inicial de ações) no Brasil desde 2013. O dinheiro será usado integralmente no plano de desinvestimento da PETR4.

A estatal tem vendido ativos para levantar caixa e reduzir dívidas. A meta é vender US$ 21 bilhões até junho de 2018. Ao fim do terceiro trimestre, a dívida líquida da petrolífera somava R$ 279 milhões, ou seja, quase R$ 40 milhões a menos do que no fim de 2016, quando o montante somava R$ 314 milhões.

Dessa forma, a oferta pública de parte do capital da principal subsidiária da Petrobras é apenas mais um passo na tentativa de equilibrar a situação financeira da PETR4. De acordo com o prospecto publicado pela estatal, a operação envolvia 291,3 milhões de papéis ordinários da BR. No entanto, a CVM também confirmou que a estatal adicionou 15% sobre o emissão inicial, chegando a 335 milhões de papéis.

Para o analista da Empiricus Ruy Hungria , coautor das séries As Melhores Ações da Bolsa e Gamma Cash Call , a verdadeira intenção do presidente da Petrobras, Pedro Parente, era privatizá-la, ou seja, vender o controle da BR Distribuidora. "Tal decisão contribuiria para gerar muito valor para a companhia, mas, dado o contexto político atual, o processo de privatização teria poucas possibilidades de ser bem-sucedido no momento. Ainda assim, a privatização pode ser uma realidade nos próximos anos", avalia.

IPO DA BR DISTRIBUIDORA

Durante o IPO , o preço das ações foi estimado entre R$ 15 e R$ 19 pela estatal. Mas no dia 13 de dezembro o valor foi fixado no piso da faixa indicativa: R$ 15 por ação. O maior desafio da Petrobras com o IPO da BR Distribuidora foi convencer os investidores de que isso irá aumentar a rentabilidade da empresa. "Não à toa, boa parte do prospecto da companhia foi baseado em promessas de benfeitorias e em pontos nos quais ela pretende evoluir, porque olhando a rentabilidade fica claro que ela precisa melhorar", analisa Hungria.

Entre as melhorias citadas pela BR no prospecto estão a redução de custos de frete com renegociação de contratos e a utilização de modais mais competitivos para fortalecer a estrutura de logística; aumentar a participação nas vendas de combustíveis de maior valor agregado, como, por exemplo, de gasolina aditivada; ampliar as redes de conveniência; e converter postos "bandeira branca" em BR. "A BR diz que tem potencial para converter 44% dos 17 mil postos nessa condição (bandeira branca). O problema é que BR não é a única de olho nessa fatia do bolo", alerta o analista da Empiricus .

Criada em 1971, a BR é a maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do Brasil em volume de vendas para grandes consumidores e empresas de aviação, atendendo cerca de 8.212 postos de abastecimento, nos quais circulam aproximadamente dois milhões de consumidores diariamente. Até setembro deste ano, a empresa lucrou R$ 620 milhões, sendo que, no mesmo período do ano passado, havia acumulado prejuízo de R$ 370 milhões.

INVESTIMENTOS EM PETR4

Apesar de trabalhar na recuperação financeira, o presidente da Petrobras garante que a estatal também está focada no futuro e, por isso, planeja investir US$ 75 bilhões nos próximos cinco anos. Segundo o Plano de Negócios e Gestão 2017/2021, desse montante, 82% será direcionado para a área de Exploração e Produção. O restante do dinheiro será aplicado na manutenção das operações e nos projetos de escoamento da produção e gás natural.

É HORA DE COMPRAR PETR4?

Diante de tantas mudanças e do bem-sucedido (até o momento) plano de desalavancagem, fica a dúvida sobre se este é o momento para comprar ações da Petrobras ou da própria BR Distribuidora.

Com alta liquidez e negociação rápida, a estatal sempre foi popular quando o assunto é Bolsa. Mas, nos últimos anos, por causa das denúncias da Lava Jato, as ações sofreram com desvalorização de 50% desde a sua cotação máxima. Tanto é que os papéis ainda estão com preço abaixo do valor patrimonial. Mas é fato que a estatal tenta se recuperar.

"Apesar de todas as benfeitorias já registradas, como desalavancagem e redução de despesas, ainda consideramos que existam outras oportunidades bem menos arriscadas e mais atrativas no momento. Outro ponto de grande preocupação é a eleição presidencial do ano que vem. Se o vencedor for um populista, é provável que a companhia volte a sofrer dos mesmos problemas de ingerência que minaram a rentabilidade dela nos últimos anos. É claro que o prognóstico de destacada melhora de resultados nos deixa mais seguros com a tese de investimento em PETR4. Porém, para o preço atual das ações, o mercado já precificou grande parte da reestruturação em vista", ressalta Hungria.

Para saber mais sobre todas as novidades da Petrobras, acesse Ações Petrobras .



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