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QUINTA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2017 - Horário 16:51

Primeiro transplante de útero no Brasil e as novas perspectivas da Medicina Reprodutiva
Ciência & Saúde /

A medicina reprodutiva teve mais um momento de êxtase e no Brasil. Nasceu em São Paulo – SP (dia 15/12/2017) a 1ª criança oriunda de um útero transplantado ratificando a qualidade da medicina reprodutiva do país.

O 1º transplante de útero mundial ocorreu em Gotemburgo, na Suécia, onde a receptora de 36 anos recebeu o órgão de uma doadora viva de 61 anos e o nascimento do bebê foi em Setembro de 2014. De lá até hoje outras 8 crianças já nasceram sob a mesma técnica experimental na Suécia. Ainda outra criança também nasceu pela técnica nos EUA e agora no Brasil. Com o detalhe de no Brasil o útero doado ter advindo de uma doadora morta ao contrario do que já havia sido registrado no mundo.

O feito abre, sem dúvidas, uma alternativa para uma quantidade enorme de mulheres que por não terem útero devido a um câncer ou porque nasceram sem o órgão desejam ter um filho. Mas também gera debate.

O questionamento recai sobre a realização de um ato complexo como o transplante, suas medicações contra rejeição (imunossupressores), custos e riscos inerentes quando se toma por comparação o já usual útero de substituição (barriga de aluguel). Ademais cabe salientar que a despeito de todo esforço para tornar o útero transplantado viável este deve ser mantido apenas para uma ou duas gestações e, depois, deverá ser retirado definitivamente quando a mulher suspenderá os imunossupressores.

O transplante deve ser a última das alternativas, o procedimento é muito complexo e requer uma equipe pluridiciplinar com riscos e complicações. Como se trata de uma alternativa experimental o caminho ainda deve ser preferencialmente pela sessão transitória do útero (barriga de aluguem).

Independentemente da cirurgia, o casal deve se submeter a um tratamento de reprodução humana (fertilização in vitro – FIV) para obtenção dos óvulos, fecundação e obtenção de embriões. O caminho segue o roteiro de muitos casais que buscam um filho e precisam de ajuda. Só que nesse caso é mais complexo.

A mãe do bebê nascido no Brasil apresentava uma síndrome incomum que atinge uma em cada quatro mil e quinhentas mulheres, que apesar de não possuir o útero e trompas seus ovários estão perfeitos. Somado a isso sua idade de 31 anos facilitou o sucesso da FIV.

A técnica experimental, Apesar da critica ser consistente e realista, abre portas para que mulheres possam se fazer valer dessa via para realizar seu sonho de ser mãe. Não há sacrifício que não seja compensado pela alegria da família ao ver seu filho.

*Por Vamberto Maia Filho


*Dr. Vamberto Maia Filho é graduado em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco. É especialista em ginecologia, obstetrícia ,em endoscopia ginecológica e em medicina reprodutiva e faz parte do corpo médico da Clínica Mãe de reprodução assistida em São Paulo . É membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM, e membro da Sociedade Europeia de Reprodução Humana - ESHRE.

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