QUINTA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2017 - Horário 15:56
Ar seco deixa Brasília em alerta
Ciência & Saúde / Todo brasiliense está bem familiarizado com a poeira vermelha e fina que toma a cidade durante os meses da seca. Essa antiga conhecida dos habitantes da capital não dá trégua até a chegada das chuvas, porém este alívio está longe de chegar. Nas últimas semanas, o Distrito Federal está com a umidade relativa do ar abaixo de 20%, bem longe dos 60% de umidade adequada preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse é o cenário ideal para o desenvolvimento de complicações nas vias respiratórias.
O nariz é a porta de entrada não só do ar, mas também da poeira. Esta pode causar danos às vias respiratórias e provocar alergias decorrentes de uma reação imunológica do corpo, cuja origem pode ser hereditária ou desenvolvida ao longo dos anos. Apesar do nome parecido, rinite alérgica é uma inflamação da mucosa do nariz e a sinusite, da mucosa que reveste os seios da face, as cavidades paranasais.
Outros agentes irritantes são os ácaros transportados pela poeira: eles se adaptam bem ao ambiente domiciliar e proliferam com facilidade, colocando a saúde do lar em risco. Mofo, pelos de animais e cheiros fortes também devem ser evitados.
O perigo está no ar
É estimado que 400 milhões de pessoas sofrem com rinite alérgica em todo o mundo, de acordo com dados da OMS. No Brasil, cerca de 30% da população brasileira sofre com a doença, afirma a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). A rinite não tratada pode provocar uma sinusite.
"Imagine um grande corredor com várias salas. Assim é o nosso nariz, que funciona como um duto principal, onde o ar flui da parte externa e vai para o pulmão. As salas são as cavidades da face. Tudo isso é revestido por uma membrana. Quando a inflamação é maior, atinge também as cavidades", explica o médico otorrinolaringologista do Ceol Otorrino, Caio Athayde.
Ambas as doenças causam obstrução nasal e secreção, mas elas têm especificidades próprias. Os sintomas mais frequentes da rinite são coriza, ou seja, uma secreção clara que escorre do nariz, espirros, coceiras no nariz e nos olhos, nariz entupido e dor de cabeça. A sinusite é manifestada por dor na face, dor de cabeça, cabeça pesada, obstrução nasal, coriza, tosse e febre ocasional. Ela pode ser aguda, quando os sintomas permanecem por até três semanas, ou crônica, com sintomas por mais de três meses.
Prevenir para remediar
Tanto a rinite quanto a sinusite podem ser geradas devido a infecções nas vias respiratórias. "Todo mundo pode ter rinite. Um resfriado, por exemplo, inclui uma rinite. No entanto, alguns pacientes têm essas reações de maneira frequente. Mesmo com poucos estímulos, qualquer poeira ou mudança de temperatura, esses sintomas surgem de maneira exacerbada. Nesses casos, o diagnóstico é de rinite crônica", comenta o especialista.
É necessário ter cuidado redobrado com a limpeza e organização da casa, este espaço é foco de muitos agentes de alergias e infecções geradas por bactérias, fungos ou vírus, em gripes e resfriados. A seguir, listamos algumas medidas que devem ser tomadas para blindar o seu lar contra esses vilões:
• Ligar o umidificador apenas quando estiver em casa. O aparelho pode acumular fungos caso permaneça ligado por muitas horas.
• Trocar cortinas de tecido por versões em plástico, metal ou fibra sintética. Esses materiais facilitam a limpeza.
• Limpar a poeira da casa com aspirador ou pano úmido. A vassoura ajuda a sujeira ficar suspensa no ar.
• Trocar lençóis, fronhas e protetores pelo menos uma vez por semana. A cama é um dos locais preferidos por ácaros.
• Lave as roupas de frio antes que o inverno chegue. Não faz bem usar casacos e cobertores que ficaram tanto tempo guardados.