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TERÇA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2017 - Horário 17:27

BCG aponta lições de Investidores Ativistas para o Desenvolvimento de Empresas Brasileiras
Negócio / A confiança de investidores em relação ao mercado brasileiro tem melhorado nos últimos meses, mas ainda está longe de alcançar os níveis anteriores à crise política e econômica do país. O capital internacional é abundante e os investidores ativistas estão dispostos a apostar no longo prazo, desde que consigam visualizar a criação de valor. A informação é do recém-divulgado artigo "O que Podemos Aprender com os Investidores Ativistas?", produzido pelo The Boston Consulting Group (BCG).

É notável a onda recente de campanhas ativistas envolvendo empresas com valor de mercado maior que US$ 100 milhões. Enquanto o número de campanhas vinha crescendo 11% ao ano entre 2005 e 2010, a taxa mais que quadruplicou de 2010 a 2015, crescendo 35% a.a, de acordo com o estudo. Com isso, nota-se que ainda há muito a aprender com esse perfil de investidor.

A partir de um modelo de engajamento construtivo, existem quatro lições para o gestor brasileiro. A primeira é que eles devem admitir e endereçar prontamente lacunas de performance do negócio. "Além de benchmarks internos e externos, outras lentes de observação incluem a busca permanente para reduzir burocracia, simplificar processos, metodologia de produção e a busca por inovação em modelos de negócios", explica Henrique Sinatura, diretor do BCG no Brasil. Henrique ainda afirma que, ao analisar a situação de uma companhia, os gestores devem fazer um exercício mental de se colocar na posição de um investidor ativista, procurando oportunidade de criação de valor e comparando com outras oportunidades no mercado.

Sempre avaliar as opções estratégicas disponíveis sob a lente da estratégia de TSR é a segunda lição do BCG. Em um ambiente com diversas opções estratégicas, é fundamental uma ferramenta de avaliação que permita fazer comparações com expectativas internas e de mercado. "Neste contexto, a estratégia de TSR, com uma visão analítica de seus componentes, torna-se uma ferramenta essencial da alta gestão, pois considera o crescimento de lucros, a gestão do múltiplo de mercado e a contribuição do fluxo de caixa nos retornos", detalha Jean Le Corre, sócio sênior e diretor executivo do BCG. A partir dos três componentes do TSR, é possível avaliar as principais alavancas acionáveis para gerar valor aos acionistas, combinando uma visão crítica do TSR e um diagnóstico interno.

A terceira lição apontada pelo BCG, é tomar decisões difíceis de maneira diligente, sem perder tempo. Masao Ukon, sócio e diretor executivo do BCG, simplifica e diz que gestores tendem a postergar decisões dolorosas, esperando que outros componentes da estratégia sejam suficientes para talvez evitá-las de vez. "Por outro lado, em tempos de crise, a necessidade de transformação profunda torna-se mais aceitável para os diferentes agentes e públicos de interesse, abrindo assim uma janela para agir", comenta Ukon.

Uma vez definida a estratégia de geração de valor, ela deve ser comunicada claramente aos investidores. E esta é a quarta e última lição: apresentar uma tese de investimento clara e buscar reforçar a parceria com os acionistas e o conselho. Conversas frequentes entre executivos e acionistas são essenciais para construir e aprimorar as decisões estratégicas e operacionais, além de fundamentais para tomar decisões críticas. Sinatura explica que esses diálogos devem se tornar práticas rotineiras. "Isso ajudará a alta gestão a tomar decisões inteligentes no uso do seu caixa, avaliando melhor os compromissos entre reinvestir o caixa para promover crescimento rentável ou devolvê-lo aos acionistas."

As lições dos investidores ativistas para os gestores brasileiros mostram que a alta gestão deve adotar uma postura questionadora, ágil e diligente. "Neste processo, as companhias que souberem melhor articular as necessidades de curto e longo prazo e que conseguirem unir alta gestão e conselho em torno de uma agenda de geração de valor sustentável certamente estarão mais bem posicionadas", conclui Jean.

E o que esperar dos investidores ativistas no Brasil?

O engajamento de investidores minoritários no Brasil tem avançado desde 2004, com a criação do Novo Mercado pela Bovespa e com a lei das Sociedades por Ações, com regras mais rígidas de governança corporativa e mais garantias para sócios minoritários. Mas, a atuação dos investidores no Brasil ainda é diferente do contexto dos Estados Unidos, onde é permitido para quem possui entre 3 a 5% das ações opinar na mudança da estratégia e indicar nomes para compor a alta gestão da empresa. "No Brasil, a maioria das empresas possui um acionista ou bloco que exerce o controle, tornando a atuação dos minoritários um exercício de convencimento e acordo. Assim, o modelo americano de investidor "ativista" provavelmente não deverá florescer como tal no mercado brasileiro", explica Jean Le Corre, sócio do BCG.
Website: https://www.bcgperspectives.com
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