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SEXTA-FEIRA, 13 DE JANEIRO DE 2017 - Horário 13:43

Idosos sem filhos, mas com autonomia
Ciência & Saúde / Uma reportagem feita pelo New York Times, conta a história de Susan Sommers e sua irmã que sempre cuidaram da mãe de 94 anos que sofria de demência. As duas administravam suas contas, compravam sua comida, levavam-na a consultas médicas e supervisionavam seus cuidadores. Entretanto, Sommers se questionava a respeito de quem iria cuidar dela pois tinha pouco mais de 60 anos, era divorciada e não tinha filhos.

Culturalmente existe a ideia de que os filhos serão o amparo dos pais quando eles estiverem com uma idade mais avançada. Mas, essa linha de pensamento, em muitos casos, não condiz com a realidade. Segundo a especialista em qualidade de vida na terceira idade da Senior Concierge, Márcia Sena, a sociedade passa por um processo de transformação familiar e também do próprio conceito de terceira idade. "As mulheres da família que antigamente assumiam os cuidados dos idosos, hoje estão no mercado de trabalho e não têm tempo para cuidar deles, além disso, as casas estão cada vez menores e não comportam trazer os pais para morar com os filhos. E, com o aumento da longevidade, os idosos estão mais saudáveis e dispostos a tocar a própria vida sem depender dos filhos", explica a especialista demonstrando que o clichê de que se deve ter filhos para atingir uma vida plena e amparada na velhice está ficando para trás.

As pesquisas também reforçam esta nova teoria. Estudo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), detalha que entre 2000 e 2013 o número de filhos por mulher caiu 26%, passando de 2,39 filhos para 1,77. A mesma fonte também retrata que o número de famílias constituídas de casais sem filhos cresceu 33% no Brasil entre 2004 e 2013.

Esses indicadores sugerem, entre outras coisas, que em um futuro não muito distante, os idosos, principalmente os que não tiveram filhos, vão ter que buscar suporte fora do grupo familiar para se manterem cuidados e saudáveis.

Mas não contar com os filhos no futuro, seja por indisponibilidade dos mesmos ou pelo fato de não existirem, não significa que a pessoa irá viver desamparada ou com a necessidade de ficar longe de sua casa e ter que morar em uma instituição de longa permanência sob cuidados diários.

Partindo desta realidade é que surgiu o conceito de "Aging in Place", ou traduzindo "Envelhecimento no lugar", que consiste em proporcionar condições para que os idosos continuem vivendo em seus lares com o estilo de vida que escolheram, com a segurança de que necessitam, a independência que merecem e o conforto que eles gostam.

Dentro da proposta do "Aging in Place" é possível adaptar a casa de um idoso, alterando algumas características de cada cômodo para facilitar o deslocamento e as tarefas do dia a dia. Além do quesito adaptação do lar, os idosos podem contar com suportes de serviços de faxina, delivery de alimentação saudável, fisioterapia em casa, acompanhamento pessoal para uma consulta médica ou até mesmo passeios de lazer e dispositivos para casos de emergência. "É uma espécie de Concierge que vai buscar soluções para atender as necessidades específicas dos idosos que querem viver com autonomia", esclarece Márcia Sena.

Do ponto de vista financeiro os casais sem filhos precisam ser vigilantes. Ter filhos custa caro e, na ausência deles, as despesas são enxugadas, por outro lado, corre-se o risco de gastar além do necessário por sentir-se excessivamente confortável pelo fato de não ter gastos com terceiros. "Mais do que qualquer outro casal, os casais sem filhos precisam se planejar financeiramente desde cedo se quiserem usufruir no futuro de uma velhice tranquila e com qualidade de vida", sugere Márcia.

Outro dilema que ronda os casais sem filhos é a solidão. Quem fará companhia para eles quando envelhecerem?

Márcia pondera que esta questão independe de ter filhos ou não, mas está diretamente ligada em saber cultivar os laços familiares e de amizade e manter uma vida social sempre ativa. "Quantos pais e filhos brigam e ficam anos sem se falar. Por isso, os idosos sem filhos que mantiverem um bom relacionamento com os parentes mais próximos, com os amigos e buscarem atividades que proporcionem conhecer novas pessoas, não vão precisar se preocupar com a solidão", tranquiliza a especialista.
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