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SEGUNDA-FEIRA, 31 DE OUTUBRO DE 2016 - Horário 9:52

Estudantes apresentam propostas para educação e intolerância em SP
Arte e Entretenimento / Cerca de 300 estudantes se reuniram no auditório do CEU Cidade Dutra, em São Paulo, para apresentar as propostas discutidas entre os dias 24 e 28 de outubro durante um encontro de jovens promovido pelo Scholas Occurrentes, uma ONG criada pelo Papa Francisco, e apoiado no Brasil pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK). Diante de autoridades como Ana Estela Haddad, esposa do prefeito da cidade de São Paulo, Nádia Campeão, vice-prefeita, e Marianne Pinotti, secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, foram abordados os dois temas escolhidos pelos jovens: educação, como a má qualidade do ensino e a falta de infraestrutura nas escolas, e a intolerância, seja ela religiosa ou sexual. "Esperamos que os governos possam representar a maior parte da população. A democracia é fundamental e está sendo construída. Precisamos agora fortalecê-la", disse Ana Estela Haddad.

O primeiro grupo assumiu compromissos como cuidar melhor do patrimônio escolar, fiscalizar os gastos das escolas, promover a inclusão dos estudantes com deficiência e dar continuidade ao diálogo entre alunos de diferentes escolas e regiões por meio de encontros. E propôs soluções como a obrigatoriedade de uma equipe de psicólogos em todas as escolas, aumento salarial para os professores e criação de um encontro trimestral entre escolas públicas e privadas.

O segundo grupo, que discutiu assuntos como machismo, racismo, homofobia e intolerância religiosa, se comprometeu a oferecer ajuda a quem sofre preconceito, dar voz aos colegas nas escolas, respeitar o coletivo e intervir para evitar o preconceito. Os jovens também propuseram que as escolas ofereçam palestras sobre intolerância para as famílias, tratamentos psicológicos, bolsas de estudos nas escolas privadas para alunos de instituições públicas dos ensinos fundamental e médio e debates sobre a inclusão de pessoas com deficiência. "O trabalho que Olga Kos faz é maravilhoso e de extrema excelência. Atender 3.500 crianças e jovens com deficiência intelectual como eles atendem é um trabalho fundamental e de extrema relevância social para a nossa sociedade", disse Ana Estela.

O encontro contou com a participação de jovens de diversas escolas públicas e particulares de São Paulo, como Escola da Vila, Colégio Santa Maria e Associação pela Família Gracinha. A ideia do Scholas Cidadania é estimular a participação dos jovens para que, a partir das suas experiências, eles possam promover transformações neles próprios e nas comunidades da qual fazem parte. Na semana de imersão no CEU Cidade Dutra, os estudantes participaram de uma série de atividades, como visitas de campo e consultas a especialistas para que, juntos, buscassem as melhores soluções. "Tenham a certeza de que vocês são transformadores sociais. Nada se faz sem luta. A luta continua e precisamos lutar para ter um Brasil melhor", disse Wolf Kos, presidente do IOK, aos estudantes presentes. "Viemos aqui construir pontes e derrubar muros. Acreditamos piamente que conseguimos fazer isso. Vamos criar essa ponte para um futuro melhor. Um futuro mais digno".

Programa mundial
O Brasil será o 16º país a receber o programa, que já passou por Argentina, Haiti, Paraguai, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Itália, Estados Unidos, Cuba, Índia, Filipinas, França, Egito, Austrália, Moçambique e Nigéria. De acordo com Maria Chediek, relações internacionais do Scholas, deficiências no sistema educacional e de saúde, insegurança, gravidez precoce, bullying, discriminação, suicídio entre jovens, vício em drogas, homofobia e corrupção foram alguns dos problemas levantados por jovens desses países. Em San Martín de los Andes, na Argentina, por exemplo, foi identificado que um dos hospitais não tinha insumos. Os jovens organizaram, então, uma maratona para arrecadar fundos e comprar materiais. Já em Dubai, os estudantes resolveram montar grupos para patrulhar e reportar casos de bullying. A atitude diminuiu o número de casos desse tipo de agressão no país.

O Scholas Occurrentes é um projeto que começou em 2006, em Buenos Aires, quando o Papa Francisco, ainda era o arcebispo Jorge Mario Bergoglio. Naquela época, ele foi convidado por José María del Corral, então presidente do Conselho Geral de Educação na Argentina, a participar do "Escola de Vizinhos", que une crianças de escolas públicas e particulares de todas as religiões com a finalidade de formar cidadãos comprometidos com o bem comum. O Vaticano abraçou a ideia e agora pretende espalhar esse conceito por todos os continentes. A atuação do IOK no projetoO Instituto Olga Kos foi escolhido para participar do projeto pela excelência do trabalho que realiza no atendimento a mais de 3.500 pessoas com deficiência intelectual, especialmente a Síndrome de Down, por meio da arte e do esporte na cidade de São Paulo. "Estamos muito felizes em termos sido escolhidos para integrar esse projeto grandioso da Igreja Católica que pretende apoiar pelo menos 200 mil projetos de inclusão ao redor do mundo", afirma Wolf Kos, presidente do IOK. Ele e a vice-presidente do Instituto, Olga Kos, foram recebidos pelo Papa Francisco em fevereiro deste ano numa solenidade para oficializar a participação do Instituto no projeto. Em junho, uma comitiva do Vaticano veio a São Paulo e viu de perto o trabalho do IOK o que solidificou a participação do Instituto no projeto e na organização dessa importante etapa que demonstra na prática o que o projeto se propõe.
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